As Crônicas da Copa: a CBF, a máquina e a passagem de volta (e outras cositas mais)

Antes de mais nada, vamos ver o que diz na primeira frase deste artigo na Wikipedia que

fala sobre a Seleção Brasileira de Futebol: "é o time nacional do Brasil de futebol masculino [...]". Agora vejamos o que significa a palavra "time" segundo o dicionário online: "grupo de atletas que participam de certos esportes de conjunto", ou ainda "grupo de pessoas empenhadas numa mesma atividade conjunta".


Não me admiro mais em saber que o Brasil foi "covardemente" eliminado de uma Copa do Mundo, desta vez na Rússia, pela Bélgica. O assunto "Brasil eliminado" ganhou o mundo nesta sexta, dia 6 de julho logo após o final trágico de 2x1 para os grandalhões.

Eu não gosto muito de futebol, mas acompanhei quase todos os jogos da primeira fase da competição que acaba no próximo dia 15 e francamente: o Brasil, mais uma vez, não merecia vencer uma copa. 
Não gosto do Neymar. Não gosto mesmo. Gosto da bola que ele joga, ele realmente é um ótimo jogador, mas como pessoa é nota zero negativo (sim!). Mude a minha mente se quiser, mas o menino Ney não é melhor que nenhum outro jogador.

Concorda quem quiser, o grande destaque da nossa seleção neste ano foi o Philippe Coutinho. Ele sim, na minha opinião, foi o "menino Tinho" deste ano. Ele deu um show de bola em campo. Seu gol na copa, o primeiro gol da seleção, foi escolhido pela FIFA como o mais lindo da primeira fase, que aliás, o Brasil teve muita sorte de sair de lá.

Não estou criticando um jogador como muitos jornais pelo mundo estão fazendo. Já li uma matéria onde o único jogador mencionado é o Gabriel Jesus, e que ele foi o nosso vilão este ano. Não estou defendendo o Coutinho, muito menos batendo palmas pelo show de atuação do Neymar em campo (um jornal francês contou todo o tempo que ele ficou no chão durante a copa: quase 14 minutos, segundo esta matéria do Ig), nem culpando o coitado do Gabriel Jesus (a pior atuação de um camisa 9 da seleção em todas as copas até agora). Estarei aqui apontando alguns erros que levaram à eliminação.


Esta pobre mãe não aguenta mais carregar o bebê
dela, que aguarda desde a copa de 2014 para nascer.
Fica pra 2022.

No início deste post eu escrevi o significado da palavra "time" (se está lendo até aqui, agradeço de coração kkk), mas o que vimos na copa não foi um time e sim um show de individualismo.
Os jogadores tentavam entrar com bola e tudo no gol. O Coutinho deu aquele chute ousado na partida de estreia da seleção e marcou o primeiro gol do canarinho (não o belga) mas ficou por isso mesmo. A seleção, diga-se de passagem, teve a pior atuação nos últimos quatro mundiais. Chances de gol desperdiçados e muito individualismo. Pode discordar de mim, mas o grande culpado da queda da seleção neste ano foi o individualismo. Faltaram passes, e alguns seriam cruciais para a vitória e a tão sonhada conquista do hexa.

Agora sejamos francos: o Neymar tinha condições de jogar neste ano? É, meu caro leitor: também tenho certeza que não.
Desde a fratura do tornozelo até a estreia da copa passaram-se quatro meses. Desde quando alguém recupera uma fratura em tão pouco tempo? Pode até ser possível, mas não era necessário tratar o Neymar como uma máquina. 
Ele passava certa insegurança nos jogos, pode conferir. Tinha medo de chegar perto dos adversários e machucar seu tornozelo novamente. 
Absurdo mesmo foi o tratamento que o camisa 10 recebeu nos últimos meses: ele parecia uma máquina de jogar bola. Foi submetido à uma rápida e arriscada recuperação, o que poderia provocar uma lesão mais grave e que com certeza colocaria o Neymar fora da copa por um boooooooom tempo. Às autoridades desportivas brasileiras e aos patrocinadores da seleção (lê-se Rede Globo): nenhum jogador é uma máquina, inclusive o Neymar. Ele podia até estar preparado fisicamente, mas psicologicamente não.


O menino máquina Neymar: pressão e muita
balela em torno de um jogador bem fisicamente,
mas despreparado psicologicamente.

Desde que a seleção desembarca no país sede da copa, põe-se em prática aquela velha frase: "a Taça do Mundo é nossa, com brasileiro não há quem possa!". Será que realmente é assim nos dias de hoje?
O Brasil está em uma grande crise, mas quando a copa começa, a crise simplesmente acaba. Ontem o país inteiro parou para ver aquele fiasco (Fernandinho, desculpe, mas que vexame o teu gol contra mano!). Imagine o cenário: churrasco, cerveja, piscina (onde estava calor, óbvio) e uma televisão de 80 polegadas ou um projetor de cinema (nessas horas o dinheiro brota do chão) para assistir aquela... coisa de ontem. Crise? Rárárá! Que piada de mau gosto cara!
Hoje? Tchau tchau seleção! Agora vou lá pagar minha prestação da TV, conta da luz que gastei ligando ela, guardar o carvão pra não pegar a chuva das lágrimas, trocar o litrão daquela Skol que sobrou (pois até mesmo sendo redonda ia demorar pra descer) por fraldas pro meu bebê e esvaziar a piscina pra usar no verão com água nova, pois aquela salgou de tanta lágrima derramada. E o país? "Ah, mas estamos em crise há bastante tempo! Deixa a gente se divertir!". 

Diversão é uma coisa. Hipocrisia é diferente.

Crise?